Segurança do trabalho e o fator humano
Bem vindos a nossa missão de preservar a vida! sim chamo de missão, pois preservar vidas, saber de técnicas, saber de normas, ser um pouco mãe, um pouco amigo, ser profissional, usar estratégias para convencer o colaborador a usar os EPIs, ter empatia e muita paciência, com certeza é uma missão!
Nesses anos todos palestrando em empresas de diversos segmentos nesse nosso Brasil tão diverso pude perceber que não tem como falar em Segurança do Trabalho sem antes falar da parte comportamental, pois um não vive sem o outro
E é claro, não dá para falar de segurança do trabalho e não falar de EPI, as duas coisas estão muito ligadas porque uma das funções de maior impacto nesse departamento é sem dúvida o uso dos equipamentos de segurança.
Sempre digo que o departamento de Segurança é multidisciplinar pois precisa saber e estar por dentro de vários outros assuntos, como por exemplo, Meio Ambiente, Dst, Direção Defensiva, Stress, Motivação, Qualidade de Vida, ou seja, cada vez mais as multifunções fazem parte do dia a dia desse profissional
O que muda é a forma de abordar de cada líder com seu colaborador, pois falar de meio ambiente para uma pessoa que já tem uma consciência ambiental, que recicla o lixo em casa e que não joga lixo na rua é fácil, mas e aquele colaborador que não consegue entender o motivo do porque jogar um papelzinho no chão causa tanto estrago?
O jogo de cintura que o profissional de segurança tem que ter é muitas vezes estressante e trabalhoso, e as estratégias para se chegar a um bom resultado nem sempre são correspondidas.
O mesmo acontece na hora de falar de DST, como abordar esse assunto tão delicado sem levar em consideração a cultura, religião e comportamento de cada um? Nesse caso a solução que achei em minhas palestras é falar de modo teatral, descontraído, porém sem constranger, deixando o trabalhador mais a vontade e mais próximo do palestrante. O líder de segurança também tem de achar o jeito mais adequado, de acordo com a cultura da empresa e do colaborador.
E direção defensiva? Não dá para abordar esse assunto sem falar também de alcoolismo e drogas, não dá para separar direção no volante sem falar no fator comportamental
Alias,
O fator comportamental pesa muito em todas essas abordagens, então o líder de segurança tem que ser um pouco psicólogo também.( haja estrutura emocional)
Lidar com o ser humano não é tarefa fácil, imagina então uma equipe que tem tantas pessoas diferentes, que pensam diferente, como fazer para que todos tenham comportamentos iguais dentro da empresa quando se fala de segurança, reciclagem, higiene e saúde?
Daí que entra a sensibilidade e o bom senso, aliás o bom senso, é um dos segredos mais eficazes para se conseguir bons resultados com a equipe.
Se voltarmos um pouco no tempo, vamos perceber que o que funcionava antes, hoje não funciona mais, antigamente se mandava e se obedecia, e essa forma de liderar era aceito pela maioria, era o patrão e o empregado, porem hoje as pessoas, independente de suas hierarquias, estão mais informadas, mais questionadoras, portanto não dá para simplesmente trata-las como “fazedores de tarefas”
Entra ai também a Inteligência Emocional, a empatia, a forma estratégica de falar, a comunicação assertiva, saber entender a linguagem não verbal e por ai vai..
Segurança do trabalho, acredito que seja umas das áreas que tem mais vertentes, nuances e particularidades, portanto merece ser estudada apoiada e valorizada
Separei um trecho de um artigo que publiquei no linkedin a um tempo atrás, onde dou alguns exemplos de estratégias do uso da inteligência Emocional no uso dos equipamentos de segurança
O Protetor Auricular: Todos sabem que ajuda a prevenir contra a perda da audição, até ai ok, ele realmente tem essa função, mas não é somente isso, a exposição a ruídos altos e constantes pode ocasionar stress, nervosismo, ansiedade, depressão, e até mesmo impotência, podendo ocasionar em graus elevados a busca por alivio no álcool e até drogas. Quando tudo isso é apontado para o colaborador na forma de palestras, treinamentos, DDS, vídeos, depoimentos, estaremos usando a inteligência emocional, pois vai ser mostrado para o colaborador que não é só uma coisa que está em jogo e sim uma série de coisas que podem afetar o rendimento na empresa e consequentemente um futuro afastamento.
As luvas: Elas não protegem somente de cortes e perfurações, pois a mão é a parte do corpo mais importante para o trabalhador, se por acaso, ele sofrer algum acidente e tiver algum dedo ou mão decepada, as chances de ele conseguir um outro emprego vão cair drasticamente, e que sendo assim, ele vai ser prejudicado e as pessoas que dependem dele também, como a família, por exemplo, ou seja, estamos mostrando assim que o uso das luvas vai afetar ele emocionalmente, mais uma vez a inteligência emocional entrando em ação.
Os óculos de proteção: Vai evitar que machuque os olhos, mas vai evitar também, que o colaborador não corra o risco de não VER os filhos crescerem, de não enxergar as cores, de perder tanta coisa de bonito que merece ser visto, e vai evitar também que caso ele se machuque, passe a depender de alguém para sempre, percebe a inteligência emocional agindo novamente?
A teoria é importante, mas usar em conjunto com técnicas lúdicas, dinâmicas, muitas conversa, repetição, atenção e real preocupação com o colaborador é muito mais eficaz.
É um pouco parecido quando temos de lidar com aquele filho rebelde, que gosta de enfrentar e se rebela, mas que no fundo o que ele quer, é só atenção e carinho..
E assim, os argumentos podem ser usados, a todo instante, de forma inteligente e fazendo com que o trabalhador sinta necessidade de usar o EPI, não porque ele é obrigado, mas porque ele tem consciência que por trás de um acidente, tem fatores muito mais fortes do que o acidente em sí.
Mostrar que o conceito de corajoso, valente, descolado, popular, está atualmente ligado a equilíbrio emocional, resiliência, senso de equipe, e também ao uso dos EPIs, pois preservar a vida e ajudar a preservar a vida do colega é sem dúvida uma grande gentileza com ele próprio e com o outro.
Sim! A Segurança do Trabalho é bem mais que somente os EPIs.